Sejam Benvindos ao Blog Estudos Diplomáticos !

Este espaço foi criado para reunir conhecimentos acadêmicos e informações relacionadas ao Concurso para ingresso no Instituto Rio Branco.



sábado, 31 de outubro de 2009

A Guerra de Secessão (Parte IV)



A Guerra de Secessão ( Parte IV )

(...Continuação)

A Guerra Civil Norte-Americana foi acima de tudo, uma guerra de massa e de inovações técnicas, com exércitos sendo transportados por ferrovias, empregando tanto artilharia, quanto armas leves modernas, comunicando-se por telégrafo com os seus quartéis-generais e utilizando-se de recursos de mobilização de uma economia de guerra. Pode ser considerada, ainda segundo Paul Kennedy, muito antes que a Guerra da Criméia ou as campanhas de unificação da Prússia, como a primeira “guerra total” industrializada, a empregar em suas campanhas navais o uso – pela primeira vez – dos encouraçados, das torres rotativas, dos primeiros torpedos e minas, mas também, de rápidos barcos corsários a vapor.
Porém, é em face da desproporção de recursos humanos e materiais existentes entre o Norte e os Estados Confederados que se pode, inferindo-se uma igualdade de disposição de ambos os lados da guerra, esboçar algumas linhas sobre as possibilidades de vitória para os contendores naquele conflito. A começar pelo Sul, Kennedy encontrou as seguintes vantagens:
1- A motivação, pois os sulistas estavam lutando pela sua própria existência, e em geral, em seu próprio solo;
2- Poderiam convocar uma proporção mais alta de homens brancos, que sabiam montar e manejar armas de fogo;
3- Contavam com generais decididos e de boa qualidade; e,
4- Por muito tempo ainda, pôde o Sul importar munições e outros abastecimentos para compensar suas deficiências de material.
Vantagens insuficiente de contrabalançar, se comparadas com as que contavam as forças do Norte, a saber:
1- Um população de cerca de 20 milhões de brancos, total sempre aumentado pela constante chegada de imigrantes, sendo que mais de 800 mil aportaram na América entre 1861 e 1865;
2- A decisão, de 1862, quanto ao recrutamento de soldados negros, o que foi evitado pelos sulistas até os últimos meses da guerra;
3- O Norte tinha 110 mil estabelecimentos industriais, contando o Sul apenas com 18 mil, além disso o Norte e seu exército de trabalhadores industriais especializados detinham conhecimentos técnicos dos quais dependiam as precárias indústrias do Sul. Uma espantosa disparidade econômica entre beligerantes que iria aos poucos transformar-se em real supremacia militar;
4- O Sul podia fabricar fuzis em pequena quantidade, graças à maquinaria capturada em Harper’Ferry, enquanto o Norte podia ampliar maciçamente a sua fabricação;
5- O sistema ferroviário do Norte, que era de cerca de 33 mil km de extensão pôde ser mantido e ampliado, estendendo-se do Leste para Sudoeste, ao passo que os 14 mil km do Sul combinavam-se com um estoque inadequado de locomotivas e material rolante gradualmente desgastado;
6- Na marinha a desproporção de forças se apresentava de forma abissal, pois mesmo que ao início do conflito a União e os Confederados não apresentassem um poder marítimo a ser considerado, o Sul sofria a desvantagem de não possuir um parque industrial capaz de fabricar motores marítimos, enquanto o Norte tinha dezenas desses estabelecimentos. O Sul Confederado teria que contentar-se com barcos corsários, os quais, apesar da desproporção de forças, iriam impor pesadas perdas à marinha mercante do Norte.
Nas palavras de Paul Kennedy, foi o uso combinado do transporte ferroviário e aquático que ajudou as ofensivas da União no teatro de operações do Oeste, sendo o poderio marítimo do Norte, vital para assegurar às suas forças armadas o controle dos grandes rios, em especial na região do Mississipi-Tennessee.
( Acima gravura representativa da Batalha de Gettysburg, ocorrida de 1 a 3 de julho de 1863. Foi a batalha com maior número de baixas na Guerra. Considerada, não sem polêmica, o ponto de inflexão da Guerra, pois nela é sustada a invasão do Norte pelo exército confederado do General Robert E. Lee.)
(...Continua)

A Guerra de Secessão (Parte III)



A Guerra de Secessão ( Parte III )

(...Continuação)

Afinal, ao capitalismo do Norte, dado que o abolicionismo militante por si só não era suficientemente forte para determinar a política da União, caberia ter achado, segundo Hobsbawm, qualquer que fossem os sentimentos privados dos homens de negócios, um meio de chegar a um bom termo com o Sul escravista e explorá-lo, ainda que houvessem sinais que as sociedades escravistas estivessem com os dias contados. Por sua vez, Paul Kennedy põe em evidência a pujança econômica norte-americana mesmo antes da Guerra Civil. Com efeito, o gigante econômico que havia se tornado os Estados Unidos, seria ocultado apenas, segundo Kennedy, por fatores como a distância da Europa, a concentração no desenvolvimento interno ( e não no comércio exterior), e a natureza acidentada do interior.
A verdade é que os EUA haviam, em 1860, superado a produção mundial de manufaturas da Alemanha e da Rússia, estando ainda na iminência de alcançar a França, embora estivesse bem atrás da produção britânica. Em breve, toda essa capacidade manufatureira iria ser canalizada contra o Sul, em uma luta fratricida que faria mais vítimas que a soma do total sofrido, já no século XX, pelas tropas norte-americanas nas duas Guerras Mundiais e na Coréia, com a agravante de ter sido suportada por uma população muito menor.
O que trouxe o Sul para uma situação de crise, defende Hobsbawm, foi um problema específico: a dificuldade de coexistência com um capitalismo dinâmico no Norte, e um dilúvio de migração para o Oeste. Nas palavras desse historiador, o Sul dos Estados Unidos era, à época, uma virtual semicolônia inglesa, região agrária não envolvida pela industrialização e com a qual o Norte não estava muito preocupado em termos puramente econômicos. As principais disputas seriam, seguindo essa linha de pensamento, políticas, o que equivaleria dizer que o Sul achava vantajoso o mercado livre, pois supria a maior parte do algodão que a indústria inglesa precisava, ao passo que o Norte encontrava-se comprometido há muito tempo com tarifas protecionistas, na salvaguarda dos interesses da sua indústria, porém incapaz de impô-las de forma adequada por causa dos interesses do Sul.
O Sul acabaria dessa forma, por se tornar um obstáculo ao Norte, ao prosseguir na sua política expansionista em direção do Oeste, pois a extensão formal da escravidão aos novos Territórios e Estados era crucial para o Sul, ao mesmo tempo que era irrelevante para o Oeste. De onde se autoriza a revestir, como pretende Paul Kennedy, de uma grande relevância o papel das lideranças envolvidas no conflito, sua disposição de lutar até o fim, convocando para isto, centenas de milhares de homens para uma guerra que ameaçava ser prolongada. Concorreram para tal prolongamento, as grandes distâncias existentes, com uma “frente” que ia do litoral da Virgínia até o Mississipi, e ainda mais para o Oeste, até o Missouri e Arkansas, em áreas de florestas, pântanos ou montanhas. Essas grandes distâncias também existiam no mar, pois para impor um bloqueio naval aos portos do Sul, as forças da União teriam de operar em uma área tão extensa quanto o litoral que vai de Hamburgo a Gênova. Para usarmos da expressão de Paul Kennedy, a guerra seria necessariamente de grande escala.
(Na imagem acima, uma ilustração do Plano Anaconda, de bloqueio econômico ao Sul)
(Continua...)

A Guerra de Secessão (Parte II)



A Guerra de Secessão ( Parte II )

(...Continuação)

Em seu clássico A Era do Capital, o historiador inglês Eric Hobsbawm acentuou, em relação à História Norte-Americana dois temas, no seu entendimento, profundos e eternos: o Oeste e a Guerra Civil, no que assinala, ter sido a abertura do Oeste, nomeadamente suas partes Sul e Central que vieram a precipitar o Conflito bélico.
Naquele momento então, coexistiam nos Estados Unidos da América duas sociedades: a representada pelos Estados do Norte, caracterizada por colonos livres, despontar do capital, migração européia e oportunidades em ascensão e a representada pelos Estados do Sul, basicamente uma sociedade agrária e escravista de exportadores de produtos primários, onde o algodão era o principal produto de exportação para os cotonifícios ingleses.
O ano de 1860 serviu como uma espécie de desfecho decisivo em termos de escolhas: Abraham Lincoln, republicano, fora eleito para a presidência dos Estados Unidos, derrotando Stephen A. Douglas, democrata nortista, Jhon C. Breckinridge (democrata sulista), e John Bell (unionista constitucional). Anos antes, em 1854, ocorrera um conflito entre os Estados de Kansas e Nebraska sobre a introdução do escravismo no centro do país, fato que viria a precipitar a formação do Partido Republicano.
A assunção de Lincoln à presidência dos Estados Unidos levaria à secessão dez Estados, que doravante seriam denominados Estados Confederados da América, onde participam inicialmente a Carolina do Sul, Geórgia, Alabama, Flórida, Mississipi, Louisiana; sendo que após o bombardeio do Forte Sunter, a Virgínia, a Carolina do Norte, o Tennessee e o Arkansas. De fora dessa Confederação ficavam alguns estados hesitantes: Maryland, West Virgínia, Kentucky, Missouri e Kansas.
Existe na historiografia uma disputa sem fim acerca da natureza e origens da Guerra Civil Norte-Americana, em uma discussão que se volta para a existência ou não de compatibilidade entre a sociedade escravista que havia no Sul dos EUA e o capitalismo dinâmico e expansivo do Norte. Para Eric Hobsbawm, a verdadeira questão seria saber porque essas sociedades contrastantes acabaram indo à guerra e ao desejo de secessão, ao invés de buscarem formas de coexistência.
(Continua...)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mais uma aula de Noções de Direito: Do Controle de Constitucionalidade

Mais uma aula para aproveitar o feriadão: O controle difuso e o concentrado de constitucionalidade Aproveitemos para estudar...

Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas

Damos continuidade ao Direito Constitucional: aula Defesa do Estado e das Instituições Democráticas . Essas aulas são realmente muito boas, e pretendo mantê-las como fonte segura para o uso dos nossos seguidores. Um abraço, bom feriado e, para aqueles que resolveram estudar, bom estudo!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Direito Constitucional. Direitos e Garantias Fundamentais: "Writs" Constitucionais e a Ação Popular.

Porque postamos aulas que se pode encontrar na "Rede" e baixar? Ora, a Internet dita veloz, "banda larga", assim como o PC próprio, infelizmente ainda não é uma realidade para todos, e uma das linhas-mestra do nosso Blog é democratizar o conhecimento... em todas as vertentes possíveis! Se explicado, segue mais uma excelente vídeo-aula de Direito Constitucional. Fiquemos todos com uma opção "on-line" para o horário de almoço, no computador dos nossos locais de trabalho.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Guerra de Secessão


A Guerra de Secessão ( Parte I )


A Guerra de Secessão, também conhecida por Guerra Civil Norte-Americana, constitui um capítulo de tamanha importância na História dos Estados Unidos que não é exagerado dizer que povoa o imaginário daquela grande Nação.
Focalizada de forma direta ou não, e por variados ângulos em tantos filmes – talvez o de maior sucesso ainda seja ‘E o vento levou’ – ou de renovados documentários, sua importância é tamanha que até desenhos animados – como do Pernalonga ou do Scooby-Doo - já se utilizaram da indumentária de soldados nortistas e sulistas, no que parece nos autorizar ao endosso de algumas observações de Eric Hobsbawm, historiador que considera a Guerra Civil e o Oeste como os temas mais profundos e eternos da História americana, localizados na cultura popular.
A Guerra durou efetivamente, de 1861 a 1865, com o ataque confederado em 12 de abril, ao Forte Sunter, considerado o início das hostilidades. Passados quatro anos, o Sul estava esgotado em seus recursos, e os confederados apresentam sua rendição a 09 de abril de 1865, quando o General Lee rende-se ao General Grant, em Appomattox Courthouse.
Na abordagem do tema que iremos desenvolver, tomaremos alguns cuidados, diretamente relacionados ao nosso interesse no concurso ao IRBr. A Guerra da Secessão encontra-se inserida no item 5 ( A Evolução política e econômica das Américas ) do programa de História Mundial Contemporânea. Nosso desafio maior será, dentre as obras mais representativas do sumário de obras sugeridas, tratar desse tema da maneira mais adequada. Ficarão de fora diversos aspectos factuais, que poderão ser complementados por algumas leituras adicionais, o que poderá ser feito mesmo em obras consideradas fora do programa, ou até mesmo por consulta a sites especializados.
Sugerindo que deixemos de lado a obra de E. Burns, passaremos a tratar de dois bons livros de autores também consagrados, que sem perder-se no torvelinho dos eventos, heróis, e da linguagem inadequada tanto quanto ultrapassada, abordam em termos bastante satisfatórios, o tema da Guerra da Secessão. Serei pragmático, e irei me utilizar largamente das obras de Paul Kennedy (Ascensão e Queda das Grandes Potências) e Eric J. Hobsbawm (A Era do Capital).
(Continua....)

Mais uma vídeo-aula de Direito Constitucional

Apesar de receber o título de "Noções de Direito", esta disciplina do concurso ao IRBr oferece sérias dificuldades para candidatos não versados em Ciências Jurídicas. Vamos então estudar os Direitos e Garantias Individuais: Nacionalidade, Direitos e Partidos Políticos. Programamos também uma série sobre Noções de Economia, onde utilizarei material do Mankiw, entre outros, mas também de um curso de extensão que estou finalizando. Acompanhem, e bom aproveitamento! Antonio.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Direito Constitucional. Vídeo-Aula: Direitos e Garantias Fundamentais

Vamos prosseguir com o Direito Constitucional. A presente aula, versa sobre Direitos e Garantias Individuais e Coletivas. Importante será seguir a orientação do Professor, sempre reiterada em suas assertivas: "- É importante ter em mãos a Constituição. Não há outra receita." E vamos ao trabalho!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mais uma Aula de Direito Constitucional

Esta aula é a continuidade da Teoria da Constituição, postada abaixo. Creio ser essas vídeo-aulas uma boa forma de estudo inicial da Disciplina Noções de Direito para o CAD. Uma boa assistência a todos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Uma Aula Introdutória ao Direito Constitucional

Como incentivo aos que desejam iniciar o estudo da Disciplina de Noções de Direito e Direito Público Internacional. Esta aula de Direito Constitucional me pareceu interessante. Um bom subsídio.



terça-feira, 13 de outubro de 2009

Uma Introdução ao Estudo do Direito Internacional



Baixei esta aula introdutória. Achei muito boa, e a iniciativa de quem a fez, parece das melhores. Parabéns ao palestrante, e receba nossa divulgação como um elogio por sua didática.