Sejam Benvindos ao Blog Estudos Diplomáticos !

Este espaço foi criado para reunir conhecimentos acadêmicos e informações relacionadas ao Concurso para ingresso no Instituto Rio Branco.



domingo, 29 de agosto de 2010

Língua Portuguesa: 8. Período Composto

Abaixo encontra-se reproduzido o item 1. do Programa de Português do CAD. Exigido de forma direta na 1ª Fase do Concurso ao IRBr (TPS), e de forma indireta na primeira prova da 2ª Fase, ele é o objeto principal das nossas postagens sob a rubrica Língua Portuguesa.

1. Língua Portuguesa: modalidade culta usada contemporaneamente no Brasil.
1.1 Sistema gráfico: ortografia, acentuação e pontuação; legibilidade.
1.2 Morfossintaxe.
1.3 Semântica.
1.4 Vocabulário.


Acompanhe esta boa vídeo-aula. O Período Composto: 1. Orações Subordinadas Adjetivas; 2. Diferenças semânticas entre as orações subordinadas adjetivas; 3. Funções sintáticas dos pronomes relativos nas orações adjetivas; 4. Diferença entre a conjunção integrante e o pronome relativo.



sábado, 28 de agosto de 2010

Política Internacional: Livros da Bibliografia. O Desafio do Capitalismo Global: a economia mundial no século XXI


Quando se trata de fazer referências à globalização corporativa, promovida pelas corporações multinacionais (CMNs), logo surge a discussão sobre os investimentos diretos estrangeiros (IDEs). Comente a seguinte frase, de Robert Gilpin, "Quando se fala de globalização corporativa, são poucos os países efetivamente envolvidos"

Língua Portuguesa.

Língua Portuguesa

De forma reiterada, tenho alertado que o Blog Estudos Diplomáticos apesar de assumir o compromisso de oferecer subsídios voltados à conquista da “nota de corte” do Teste de Pré-Seleção, que é a primeira fase do Concurso de Admissão, não possui a pretensão de fazer o papel normalmente ocupado pelos “cursinhos”. A propósito: os cursinhos preparatórios seriam mesmo indispensáveis? Fica a pergunta. Nossa opinião parte do princípio que todos os candidatos ao IRBr, por pré-requisito existente no edital do concurso, possuem algum curso superior. Ora, o concludente de um curso superior, qualquer que seja o curso, deve possuir necessariamente, a capacidade básica de decodificar materiais impressos , pois como sabemos, o papel do professor universitário, consiste basicamente em “facilitar” o processo de conhecimento por parte do aluno. Então nossa posição seria que, uma vez de posse dos materiais, impressos ou em mídia, o candidato poderá estudar e alcançar, com esforço, esteja claro, um bom aproveitamento. Restaria ainda a necessidade de um espaço de interação. Neste aspecto, este Blog fica a desejar, pois seria interessante que os leitores expusessem sua opinião – e nossos visitantes são muitos, assim como é numerosa a nossa lista de leitores. Aproveitamos então para fazer o convite, renovado sempre, de participação. Isto é fundamental para quem se prepara. Tendo em vista a importância ocupada pela prova de Português na primeira fase, programei uma série de postagens, algumas das quais já estão disponibilizadas neste Blog, bastando acessar aquelas com marcadores língua portuguesa. As novas vídeo-aulas de Gramática, tentam responder pelo item 1. do Programa de Português. Conseguir material de bom nível e digitalizado, não é tarefa fácil. Às vezes relutamos em disponibilizar vídeo-aulas direcionadas para exames vestibulares, porém creio ser um mero preconceito, haja visto as mesmas possuírem aceitação testada e de comprovada eficiência. Tudo o mais é propaganda, misticismo daqueles que montam cursinhos preparatórios ou mero fetiche dos que ainda pensam que buscar preparação em cursinhos, via de regra muito caros, seja o único caminho para a aprovação. É a nossa opinião!
Face a esta exposição de motivos, e com vistas ao programa abaixo, continuarei a postar novas vídeo-aulas para o estudo da Gramática, basicamente a Morfossintaxe e a Semântica, em 16 lições, que contarão com questões objetivas, algumas procedentes do CESPE, organizador do concurso ao IRBr. Pretendemos ainda disponibilizar um curso de Redação, em 12 vídeo-aulas.
Lembro que postagens anteriores contemplaram um curso completo de Gramática, o qual poderá ser acessado pelo marcador vídeo-aulas português. Segue o programa de Língua Portuguesa do concurso, excluídos os livros de leitura obrigatória:

Programa (Primeira e Segunda Fases):
1. Língua Portuguesa: modalidade culta usada contemporaneamente no Brasil.
1.1 Sistema gráfico: ortografia, acentuação e pontuação; legibilidade.
1.2 Morfossintaxe.
1.3 Semântica.
1.4 Vocabulário.

2. Leitura e produção de textos.
2.1 Compreensão, interpretação e análise crítica de textos em língua portuguesa.
2.2 Conhecimentos de Linguística, Literatura e Estilística: funções da linguagem; níveis de linguagem; variação linguística; gêneros e estilos textuais; textos literários e não literários; denotação e conotação; figuras de linguagem; estrutura textual.
2.3 Redação de textos dissertativos dotados de fundamentação conceitual e factual, consistência argumentativa, progressão temática e referencial, coerência, objetividade, precisão, clareza, concisão, coesão textual e correção gramatical.
2.3.1 Defeitos de conteúdo: descontextualização, generalização, simplismo, obviedade, paráfrase, cópia, tautologia, contradição.
2.3.2 Vícios de linguagem e estilo: ruptura de registro linguístico, coloquialismo,
barbarismo, anacronismo, rebuscamento, redundância e linguagem estereotipada.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Política Internacional: O Desafio do Capitalismo Global: a economia mundial no século XXI


Existe algo mais dinâmico e atual que temas como os acordos regionais de comércio? Ou as corporações internacionais ? O que seriam as "Moss"? Existe uma relação direta entre a nova economia americana e a redescoberta da "asiaticidade" japonesa? O que se pode esperar das relações entre a UE e o NAFTA? E destas com o Mercosul ? Estas e muitas outras questões podem ser respondidas com muita propriedade mediante a leitura atenta desta boa obra selecionada das indicações sugeridas na bibliografia do CACD. O Desafio do Capitalismo Global: a economia mundial no século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2004, da lavra de Robert Gilpin. Após as postagens de "Quinhentos Anos de Periferia", "O Desafio do Capitalismo Global" passa a ser o nosso companheiro de viagem, o nosso "livro de cabeceira". Postarei sínteses, mas também, "provocações....".

domingo, 22 de agosto de 2010

Política Internacional: (Sínteses de Livros da Bibliografia do CAD) QUINHENTOS ANOS DE PERIFERIA (Parte XI - Final.)


(Continuação...)

As políticas neoliberais e a redução da regulamentação dos mercados e da atividade econômica em geral, de um lado aceleram a deterioração do meio ambiente e o esgotamento de recursos naturais, em especial na periferia e, de outro, permitem a concentração do capital em cada mercado, através de fusões e aquisições, e o acumulam, cada vez mais, nos países centrais em relação à periferia. A desregulamentação, em especial das atividades financeiras, globalizou os mercados de capitais. As políticas econômicas recessivas no centro, aponta o autor, combinadas com as políticas de crescimento econômico na periferia, baseadas na atração da poupança externa, na abertura comercial e financeira e no endividamento externo agressivo, acabam por gerar a necessidade de políticas de juros altos na periferia. Criam-se dessa forma, as condições para a circulação de capitais especulativos de um mercado periférico para o outro, os quais permitem, inicialmente, uma temporária e artificial estabilidade de preços, à custa do déficit comercial e do financiamento do déficit público, seguida pela necessidade de realização de lucros que leva à crise cambial e econômica, à desestruturação da economia, ao retrocesso do nível de vida da população e ao agravamento da concentração de renda e das disparidades sociais. É preciso ainda esclarecer, anotou Samuel Pinheiro, a disposição revelada na firme oposição a qualquer iniciativa de regulamentação dos mercados de capitais, dado os capitais especulativos serem originários via de regra, do centro das estruturas hegemônicas. Os capitais são especulativos, frisa o autor, devido às políticas econômicas, e não a despeito das políticas econômicas exercidas pelos governos dos países centrais e da periferia: assim, propostas de regulamentação internacional de fluxos de capitais para controlar sua volatilidade, mesmo quando tecnicamente viáveis, seriam demonstrações de ingenuidade política e desconhecimento da natureza essencial desses fluxos.
Ainda importante seria acrescer algo sobre a questão do meio ambiente e a noção de desenvolvimento sustentável. Na opinião de Samuel Pinheiro Guimarães, a deterioração do meio ambiente e a crescente escassez de recursos naturais, em especial a água e, em breve, o petróleo, levam à convicção de ser impossível reproduzir na periferia os atuais padrões de consumo do centro. Esta convicção está, de acordo com o autor, por trás da ideologia do Desenvolvimento Sustentável que, em primeiro lugar, teria por tarefa desviar a atenção da opinião pública da necessidade e da obrigação dos países centrais de reduzir o extremo desperdício de seus elevados padrões de consumo de recursos e de poluição e, assim, permitir ao centro mantê-los. A ideologia do Desenvolvimento Sustentável, recomenda implicitamente que a periferia deva contentar-se em permanecer em seus atuais baixos padrões de consumo, além de encetar a tarefa paradoxal e dificílima de imaginar e executar estratégias de ‘desenvolvimento sustentável’ , o que exigiria a intervenção do Estado em ambientes políticos nacionais e internacionais nos quais predominam o pensamento econômico liberal. Ficam gerados, dessa forma, segundo o autor, um preconceito anti-industrial nos Estados da periferia, que contribui para fortalecer indiretamente as estratégias que insistem em fundamentar o desenvolvimento em vantagens comparativas estáticas, com base na dotação de recursos naturais, com efeitos óbvios sobre as possibilidades de desenvolvimento a longo prazo. Se há por um lado uma advocacia dos países do centro na defesa da ampla liberdade para as “forças do mercado”, encontrando-se no centro da questão a redução do papel regulamentador do Estado, existe por outro lado uma forte pressão do centro para que sejam adotadas na periferia, políticas eficazes de desenvolvimento sustentável, onde integram o repertório do centro, as ameaças de sanções e restrições ao comércio de bens produzidos de forma “agressiva” ao meio ambiente , através de cláusulas ambientais, aplicadas unilateralmente, ou através da OMC.


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Este livro do Diplomata SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES, editado pela Contraponto, em parceria com a Editora da UFRGs, é leitura altamente recomendada para o concurso de admissão ao IRBr, presente nos editais do mesmo já há alguns anos, motivo pelo qual reproduzimos as sínteses aqui postadas, na intenção de balizar aos colegas que venham a se dispor à leitura de primeira mão.

sábado, 21 de agosto de 2010

Língua Portuguesa: 7. Período Composto


Abaixo encontramos o item 1. do Programa de Português do CAD. Exigido de forma direta na 1ª Fase do Concurso ao IRBr (TPS), e de forma indireta na primeira prova da 2ª Fase, ele é o objeto principal das nossas postagens sob a rubrica Língua Portuguesa.
1. Língua Portuguesa: modalidade culta usada contemporaneamente no Brasil.
1.1 Sistema gráfico: ortografia, acentuação e pontuação; legibilidade.
1.2 Morfossintaxe.
1.3 Semântica.
1.4 Vocabulário.


Período Composto.1. Introdução ao estudo do Período Composto: Orações Subordinadas e Orações Coordenadas. 2. Orações Subordinadas Substantivas.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

História Mundial: Algumas consequências da II Guerra Mundial para as Relações Internacionais do Século XX





Algumas Consequências da II Guerra Mundial para as Relações Internacionais do Séc XX


Antonio Carlos Figueiredo

Um ligeiro esboço das condições que tornaram possíveis a emergência da II Guerra Mundial nos ajuda a pensar, a partir do núcleo duro das causas centrais daquele grande conflito, o arsenal de instituições das quais a comunidade de nações se armou a partir de 1945. Nossa estratégia então será pensar na gênese das instituições criadas após 1945, com o objetivo de modelar o mundo quanto à segurança coletiva, à ordem econômica, mas também sob aspectos voltados à cooperação internacional. Talvez um bom começo passe pelas deficiências demonstradas pela Sociedade ou Liga das Nações. Da sua fragilidade, pela não participação dos Estados Unidos da América, recolhidos ao isolacionismo sobretudo quando se tratasse de problemas europeus, e da União Soviética – até 1934 – voltada para si mesma no intuito de consolidar o socialismo – ao mesmo tempo em que geria a III Internacional – foi tornado possível a Hitler, na Europa, a Mussolini, no Adriático, e à casta militar japonesa sob Hiroíto, atuarem livremente, à revelia e mesmo fazendo uso de expedientes da Liga, como fez Hitler, ao retirar-se de uma Conferência de desarmamento promovida em 1933, e culpando por isso, naturalmente, a França, então envolvida em um ambicioso programa de rearmamento. Tentou Hitler tornar legítimo o rearmamento alemão em 1934, preparando a Alemanha para uma guerra que, assim esperava, deveria ocorrer a partir de 1940, e que, também assim esperava, deveria dar a vitória à Alemanha ainda antes do término de 1942.
Foi da fracassada experiência da Liga das Nações, e com base nos ensinamentos por esta trazidos, que foi proposta a criação de um novo sistema de segurança coletiva que garantisse a paz, obrigando todos os Estados a com ele se comprometer, no que estes deveriam renunciar ao uso da força, aceitar as fronteiras estabelecidas, e a cada um, a possibilidade de se organizar, política e economicamente, como lhe conviesse. A origem das Nações Unidas é a Carta do Atlântico, de 1941, na qual estavam delineados os objetivos do pós-guerra dos Aliados envolvidos na luta contra o Eixo. A Conferência de Moscou, em 1943, decidiu criar uma organização internacional para “preservar a paz e a segurança”. O projeto de Carta das Nações Unidas foi preparado pelo Departamento de Estado Norte-Americano, e examinado em Dumbarton Oaks (1944) pelas quatro potências patrocinadoras, a saber, os EUA, o Reino Unido, a China e a União Soviética. Potências, é verdade, mas como avaliou Samuel Pinheiro Guimarães, portadoras de condições extremamente desiguais. A proposta de Dumbarton Oaks foi levada à Conferência de São Francisco, em 1945. Junto com a aprovação da igualdade soberana dos Estados, que a exercem na Assembléia Geral, cujas resoluções não são mandatórias. Nela está o conceito de segurança coletiva, sob a tutela do Conselho de Segurança, que é independente em suas decisões, e que não presta contas nem a Assembléia, nem a qualquer outro organismo. Esse Conselho era originariamente composto de onze membros, sendo cinco permanentes com direito a veto, decidindo por minoria de sete, com a participação concorrente e imprescindível dos cinco membros permanentes. A atribuição do poder de veto aos cinco membros permanentes (EUA, Reino Unido, França, China e URSS), foi justificada no memorando explicativo das Quatro Potências Patrocinadoras, como decorrentes de sua primary responsability na manutenção da paz. Após a entrada em vigor da Carta das Nações Unidas, e da instalação do Conselho de Segurança, revela-se o que já estava em gestação: o rompimento entre EUA e URSS, que dará início à Guerra Fria.
Porém o mundo que emergiu da II Guerra Mundial, a par das instituições de segurança coletiva criadas, incluía ainda um novo modelo de política internacional que ficou conhecido como sistema de zonas de influência de raio planetário, caracterizado pela existência das duas superpotências, por si só também, praticamente atores novos, pois atuariam em uma nova ribalta: EUA e URSS.
Contudo, convém lembrar o papel cumprido pela recessão e crises econômicas no entre-guerras, e era necessário que fosse erguido também, um modelo de Ordem Econômica Internacional. O chamado sistema de Bretton Woods (1944), baseado em um esquema de paridades cambiais fixas, porém ajustáveis, fundamentadas no ouro-dólar, tornada a moeda forte na economia mundial. Anotou o Prof. Eric Hobsbawm que a supremacia americana era à época, um fato. A lembrança eram as lições da Grande Depressão, que tanto haviam contribuído para que acontecesse a radicalização política que levou o nazi-fascismo ao poder na Europa. E se em relação à nova ordem econômica a pressão política por ação vinha de Washington, mesmo quando muitas idéias e iniciativas partiam da Inglaterra, nomeadamente de J. M. Keynes. Sobre a criação final do FMI, os EUA prevaleceram. As duas únicas instituições internacionais de fato criadas sob os acordos de Bretton Woods de 1944, o Banco Mundial (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento) e o FMI (Fundo Monetário Internacional), acabaram por tornar-se de fato, subordinadas à política americana. Sobre Bretton Woods, conforme escreveu Paul Kennedy, o sistema de paridade funcionou bem (a partir de 1945), quando os EUA eram financeiramente supremos, para desabar em 1973, momento em que seu principal pilar, não pôde suportar as tensões. No pós-guerra, o FMI e o Banco Mundial passavam a ser os vetores do investimento internacional, e a manter a estabilidade do câmbio, além de tratar de problemas de balança de pagamento, com atuação destacada nas crises das dívidas dos países do chamado Terceiro Mundo.
A proposta de uma Organização do Comércio Internacional veio a tornar-se no muito mais modesto GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio), uma estrutura criada em 1948 para reduzir barreiras comerciais por meio de barganhas periódicas. Essa Instituição viria a dar ensejo à atual OMC (criada em 1995), a partir da Rodada Uruguai das Negociações Multilaterais do Comércio. A OMC possui um Conselho Geral, com um representante de cada membro, um Corpo de Solução de Desavenças, o Corpo de Revisão de Políticas Comerciais, o Corpo de Apelação e um Secretariado.
Podemos também considerar uma organização como a União Européia, de certa forma, também como uma contribuição das consequências da II Grande Guerra, para as relações internacionais. Basta lembrar que já em setembro de 1946, Winston Churchill preconizava em Zurique, a constituição dos Estados Unidos da Europa. No seguimento, ocorreram eventos como a unificação das Zonas de ocupação britânica e americana na Alemanha. Pode se considerar, ainda, que a criação, em 1951, da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA), reunindo países do BENELUX, a França, a Itália e a República Federal da Alemanha, é o embrião da União Européia. Estas iniciativas associacionistas foram tributárias da Doutrina Truman, e do seu correspondente econômico, o Plano Marshall, este último uma criação bastante imbricada à reorganização da vida política e econômica do pós-guerra.


Bibliografia:
GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. Quinhentos Anos de Periferia: uma contribuição ao estudo da política internacional. 3.ed. Porto Alegre: UFRGS, 2001.
HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve Século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências: transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

SARAIVA, José Flávio Sombra (Org.). História das Relações Internacionais Contemporâneas: da Sociedade Internacional do Século XIX à era da Globalização. São Paulo:Saraiva, 2007.

domingo, 15 de agosto de 2010

Tarefas do Estudo Dirigido de Noções de Economia


Tarefas para o Estudo Dirigido de Noções de Economia (Caso você esteja inscrito neste ED, mande sua resposta para estudosdiplomaticos@gmail.com).

O Gabarito será divulgado em 09 de setembro 2010.


1) Os dados abaixo foram retirados dos indicadores de contas nacionais trimestrais do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Eles retratam a situação brasileira em 2004.

Contas Nacionais – BRASIL (2004) – R$ Milhões
Produto Interno Bruto: ________
Consumo das Famílias: 975.245
Consumo do Governo: 332.332
Investimentos: 376.573
Exportações: 318.387
Importações: 235.917


De acordo com o quadro acima, qual o valor do PIB Brasileiro ?



2. Os Estados Unidos da América apresentaram os seguintes valores para sua economia em 2001 (dados em US$ Bilhões):

Produto Interno Bruto: Y

Consumo das Famílias: 6.978
Consumo do Governo: 1.858
Investimentos: 1.586
Gastos líquidos no setor externo: -349

Com base nos dados acima, pede-se o seguinte:

a) Qual o valor do PIB (Y) norte-americano?


b) O que significa o valor negativo da conta Gastos Líquidos do Setor Externo?


c) Lembrando que o investimento global é financiado pelas poupanças privada, pública ou externa, conforme a expressão I= S + (T-G) + (M-X)

E sabendo que os EUA têm um déficit público enorme (G>T), como o investimento está sendo financiado?


3.Pesquise a taxa de câmbio em relação ao euro. Um euro vale quantos reais?

a)Suponha que você esteja de férias em Paris e lá uma lata de coca-cola custa 3 euros. Você possui R$31,00. Considerando que não há taxas nas conversões de moeda, quantas latas de coca-cola você poderá comprar?

b)Se acontecer algo no Brasil que desvalorize abruptamente o real, você conseguirá comprar mais ou menos latas de coca-cola em Paris?



4. Suponha o seguinte Balanço de Pagamentos hipotético:

Balanço de Pagamentos – US$ milhões

BALANÇA COMERCIAL (BC)
Exportações: 60.362
Importações: 51.216
Serviços: -5.038
Rendas: -18.191
Transferências Unilaterais: 2.390


TRANSAÇÕES CORRENTES (TC)
Conta Capital e Financeira: 8.808
Erros e Omissões: -813



RESULTADO DO BALANÇO (BP)



Com base nos dados apresentados, responda as seguintes questões:

a) Qual o valor, em milhões de dólares, da Balança Comercial – BC, do saldo em Transações Correntes – TC e do resultado do balanço de pagamentos – BP ?

b) O saldo em Transações Correntes apresentou sinal positivo ou negativo? O que isso significa?

c) O resultado do Balanço de Pagamento apresentou sinal positivo ou negativo? Como isso pode ser resolvido?

sábado, 14 de agosto de 2010

Língua Portuguesa: 6. Aposto, Adjunto Adverbial e Vocativo. Uso da Vírgula.


Abaixo encontramos o item 1. do Programa de Português do CAD. Exigido de forma direta na 1ª Fase do Concurso ao IRBr, e de forma indireta na primeira prova da 2ª Fase, ele é o objeto principal das nossas postagens sob a rubrica Língua Portuguesa.
1. Língua Portuguesa: modalidade culta usada contemporaneamente no Brasil.
1.1 Sistema gráfico: ortografia, acentuação e pontuação; legibilidade.
1.2 Morfossintaxe.
1.3 Semântica.
1.4 Vocabulário.

Aposto, Adjunto Adverbial e Vocativo. Uso da Vírgula.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

História Mundial Contemporânea: As Vésperas da I Guerra Mundial e o Entre-Guerras

Um Esboço das Relações Internacionais da Europa, das vésperas da I Guerra Mundial, ao período “entre-guerras”

Antonio Carlos Figueiredo

A Europa das vésperas da Grande Guerra mantinha graves focos de tensão, potencializados ainda mais por incluir disputas geopolíticas, competição inter-imperialista, emergência de novos atores, e, por conta de tudo isto, um ambiente propício às alianças militares e à diplomacia secreta, que conduziram à corrida armamentista.
O nacionalismo exacerbado, dito modelo 1914, esperava portanto, apenas uma crise. Em termos geopolíticos, eram em número de três, as principais áreas de disputa no continente europeu. Começando pelos Bálcãs, havia o confronto de interesses entre a Sérvia e a Áustria-Hungria, com os sérvios recebendo sustentação do Império Russo, nominalmente sob a forma de solidariedade de um pretenso pan-eslavismo, ao passo que o multinacional Império Austro-Húngaro recebia apoio alemão. A fronteira franco-alemã possuía, na guerra franco-prussiana, um manancial de ódios represados, materializados no desejo de desforra mantido pelo Estado e sociedade francês, sobretudo no seu Exército (o Plano XVII, o irresistível e ofensivo élan francês, o dólmã azul e a calça vermelha), mas também em seus mestre-escolas: o alemão “bárbaro”, inimigo do “ocidente”. Tudo isto, era atualizado pela posse alemã das antigas províncias de Alsácia e Lorena. A fronteira russo-alemã era outra das áreas de tensão. A Alemanha fizera, da união dos interesses da sua nobreza rural, os junkers, com os industriais das cidades, uma espécie de compromisso de interesses, tornado cimento superestrutural do Reich, o chamado “casamento do ferro com o centeio” (alusão aos seus principais produtos). Desta união surgiu a chamada sociedade guilhermina, modernizada pelo alto, sob uma forma conservadora e de pouca afeição à democracia. Sua produção industrial ameaçava – ao pensarmos em uma força profunda de natureza econômica – os interesses comerciais do Império Britânico. E em uma era de Impérios, torna-se necessário assinalar, as potências européias haviam se lançado, abertamente, a partir da Conferência de Berlin (1885) à conquista de Colônias, fosse pelo controle territorial, ou mesmo mantendo, quando houvesse governo local que merecesse esse nome, uma espécie de independência nominal.
Outro fator incontornável para pensarmos as vésperas de 1914, eram os novos atores, os quais: a) moviam conflitos de nacionalidades; b) o movimento operário em seus moldes traçados na II Internacional; e c) a desenraização de populações rurais, absorvidas parcialmente pelos novos territórios coloniais, ou a engrossar o exército industrial de reserva (essa conhecida expressão de K. Marx), quando não faziam aumentar o chamado lumpen proletariado (essa outra expressão de Marx), que nos leva irremediavelmente a uma expressão da época: as “classes perigosas”, pesadelo do Estado e dos seus organismos de repressão. Foi o medo da força das minorias nacionais, do socialismo e das convulsões proporcionadas pelas “classes perigosas” que favoreceram nas cabeças coroadas da Europa - secundadas pela nobreza nostálgica e a cúpula da alta burguesia – pelos instrumentos do darwinismo social e pela guerra – a continuidade de aspectos daquilo que Arno J. Mayer denominou por “persistência do Antigo Regime”.
Um resumo, bastante simplificado é claro, do ambiente internacional às vésperas da I Guerra Mundial, ajuda a explicar o que foi colocado nas últimas linhas. Observamos inicialmente um forte expansionismo alemão, o qual busca uma paridade naval com sua rival pelos lucros do comércio mundial, a Inglaterra. Porém a Alemanha é um Império central na Europa, cercada de inimigos figadais e seculares, tanto a Oeste, quanto a Leste do seu território. Porém se possui colônias que serviam para a projeção dos seus interesses, em menor número que a Inglaterra, a pretendida paridade naval com os ingleses, poderá colocar as colônias e as rotas navais inglesas em risco, e era óbvio, que a Inglaterra não queria perdê-las. No entanto, uma guerra no continente europeu, em face das alianças possíveis, envolvia o que Joseph Nye costuma chamar de "funil de escolhas". A explicação é bastante simples e fácil de ser identificada, inclusive em termos gráficos: havia um “funil de escolhas” que acabaram por levar à Guerra, e este funil, a partir de tais escolhas, começou a se estreitar em 1870 (com a Guerra Franco-Prussiana), prosseguindo seu estreitamento quando o kaiser Guilherme II demitiu Otto Von Bysmark (1890), e chegando aos vários episódios de alianças e da diplomacia secreta como em 1904 (entente Grã-Bretanha e França), 1907 (Tríplice Entente, com a Rússia passando a integrar-se na aliança anteriormente formada por ingleses e franceses). Em 1910, o funil de escolhas estreita-se ainda mais, gerando insegurança, corrida armamentista, crises localizadas, mas sobretudo, emoldurando cada vez mais, o cenário dos chamados “futuros possíveis contrafatuais”; contrafatuais é claro, se tomarmos por base 1913, último ano gozado em inteira paz, até que houvesse o atentado terrorista de inspiração nacionalista em Seravejo, vitimando o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro. Evento que, como sabemos, acabou por desembocar a Grande Guerra, a partir das garantias dadas à Áustria pela Alemanha; apoio que se revelou um verdadeiro "cheque em branco". O mundo teria que necessariamente ter ido à Guerra? Podemos considerar que não. Pois para haver uma guerra tem que haver certa relação entre causas sistêmicas de nível internacional (digamos, o aumento do poderio alemão), causas societárias a nível interno (nacionalismo em ascensão, conflito de classes interno, política alemã agressiva) as quais se juntam no sistema internacional para causar, tanto uma bipolaridade de alianças (como foi o caso das alianças acima citadas) que acarretam uma perda de moderação no processo do sistema, os quais poderão levar uma crise ao limite. Então, nesse momento, juntamente às causas sistêmicas e societárias, entram as causas pessoais, melhor dizendo, a personalidade dos líderes. O Káiser quis a Guerra em 1914. E não foi o único a querê-la.
Quando os Estados-Maiores da Tríplice Aliança e da Tríplice Entente expediram, em agosto de 1914, as suas ordens de mobilização e marcha com a finalidade de executar, entre outros os Planos XVII (francês) e Schlieffen (alemão), estavam na realidade instrumentalizando, sob o abrigo da febre de nacionalidade, forças profundas como a capacidade industrial de sociedades de massa, cujos experimentos tecnológicos incluíam os gases letais, a metralhadora em larga escala, o avião, o carro blindado e o submarino. Além, é claro das locomotivas, tão úteis em uma guerra que se revelava de "massa". Contudo, uma guerra profundamente estática e desgastante. Impasse cujo fiel da balança, sobretudo após a retirada da Rússia, somente poderia ser superado pela entrada de um ator extra-europeu: os Estados Unidos da América. O conflito mundial levado a efeito em 1914, sob um clima de celebração ufanista das virtudes propaladas por arraigado nacionalismo, acabou por dar ensejo em 1919, a um mundo em que havia espaço para o idealismo esboçado no projeto de segurança coletiva representado pela Sociedade ou Liga das Nações, mas também pelo fortalecimento das idéias pacifistas. Vale lembrar que o acordo de Versalhes é considerado como o primeiro ato constituinte de auto-regulação global por parte de uma sociedade que, de européia, tornara-se mundial; arranjo transitório, é verdade, dadas as ausências da Rússia e da Alemanha. O objetivo em Versalhes era produzir tanto um acerto que pudesse funcionar para a Europa, quanto a planta das regras e das instituições para uma sociedade mundial capaz de manter a ordem e de evitar a guerra. Foi nos poros cedidos pelo imperfeito esboço dessa ordem, que frutificaram o nazismo, o fascismo e o socialismo de Estado, ao longo das décadas de 20 e 30. Convém acrescer que os elementos de continuidade com o passado europeu ainda eram muito fortes, talvez os principais, nas mentes dos estadistas reunidos em Versalhes. Os próprios tratados de paz eram documentos juridicamente geradores de obrigações de acordo com a tradição européia, embora os termos tenham sido mais abertamente ditados pelos vencedores. Os vencedores de então redesenharam fronteiras, aboliram Estados, criaram novos Estados e impuseram indenizações financeiras pouco sábias. A concepção da nova sociedade global, a Liga das Nações, perpetuou a prática de cinco grandes potências, que, exceto em casos de desacordo claro, tinham a finalidade de constituir uma espécie de concerto do mundo, por dominarem o Conselho da Liga; esta concepção de sociedade global incorporava quase todas as regras e as práticas que haviam se desenvolvido na grande republique européia, inclusive seu direito internacional e sua diplomacia, assim como seus pressupostos básicos sobre a soberania e a igualdade jurídica dos Estados reconhecidos como membros independentes da sociedade, deixando virtualmente intactas as capitulações e outras práticas que os europeus haviam instituído coletivamente em países que iam do Marrocos à China, bem como as grandes estruturas imperiais dos Estados dependentes controladas pelos vencedores e por alguns países neutros. A opinião pública dos países democráticos ocidentais, bem como os seus estadistas, em face do horror da carnificina e destruição experimentadas na Grande Guerra, elegeram como tarefa primordial, criar um sistema de segurança, declarar a guerra “fora da lei” e evitar um outro armagedon, o que auxilia a explicar o pacifismo de populações com poder de voto, e a devida cautela por parte de seus governos democráticos nas décadas de 20 e 30, com os gastos militares, em uma época de reconstrução, crise e depressão econômica. A vexatória e humilhante cláusula de culpa de guerra, à qual os alemães tinham sido obrigados a aceitar, e a divisão dos espólios de guerra que tornaram insatisfeita a Itália e o Japão, fizeram surgir diante de uma inoperante Liga das Nações, o fascismo italiano e o nazismo alemães, assim como diversas cópias e simpatizantes pelo continente europeu, e além deste. Nunca é demais dizer que o nacionalismo exacerbado e a crise econômica funcionaram como se fossem “água para o moinho” de Mussolini e Hitler, derrubando as frágeis democracias italiana e alemã. Os ditadores alemão e italiano tinham bons motivos para sorrir às vésperas da II Guerra, quando receberam a companhia do Japão, movido por sua casta militarista. Esperavam as potências ocidentais que o arroubo daqueles ditadores fosse lançado contra a URSS, considerada então um Estado “fora-da-lei”. Na conjuntura do período entre-guerras, as expressões “Ditador”, considerada em certos círculos nada pejorativa, e “ nacional socialismo” possuíam seguidores nada envergonhados, e a inovação trazida pela recén-introduzida forma massiva de propaganda governamental, o rádio e o cinema, aumentavam este círculo de crentes, e colocavam como incontestável a planificação econômica por parte do Estado; afinal, não fora um economista acima de qualquer suspeita, e mesmo avesso confesso ao socialismo – John Maynard Keynes - que se rendera aos benefícios do planejamento estatal ? A legitimação de aberrações contra a espécie humana, desde os campos de concentração, até as algumas pesquisas genéticas extremamente condenáveis, passando pelas "mortes sociais" representadas pelo afastamento sumário dos cargos públicos dos contrários ao regimes de força, ou pelos julgamentos nos tribunais de exceção, tornaram-se de certa forma,palatáveis, sob o abrigo de um pretenso bem estar das "massas". A política de apaziguamento apresentada a uma complacente opinião pública européia por seus governos democráticos e de frentes populares, proporcionou a Hitler os elementos essenciais à sua logística futura na II Guerra, pelas anexações autorizadas, e os conseqüentes recursos encontrados nos parques industriais dos países anexados. O esperado confronto Alemão-Russo, um dos motivos da tolerância das democracias ocidentais a Hitler, revelou-se uma falsa promessa após o pacto Ribemtrop-Molotov. A URSS ganhava tempo, os alemães, territórios e a legenda de exército invencível. Os italianos mandavam bombas e pão sobre a Abissínia, e Hitler testava seus aviadores na Guerra Civil Espanhola, onde a cidade de Guernica ficou tristemente celebrizada em tela homônima de pintor Pablo Picasso.


Bibliografia:


HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve Século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.


KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências: transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Campus, 1989.



MAYER, Arno J. A Força da Tradição: a persistência do Antigo Regime (1848 -1914). São Paulo: Companhia das Letras, 1990.


SARAIVA, José Flávio Sombra (Org.). História das Relações Internacionais Contemporâneas: da Sociedade Internacional do Século XIX à era da Globalização. São Paulo:Saraiva, 2007.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O fim da "Guerra Fria", e a Gestação da "Nova Ordem"





O fim da Guerra Fria encontra-se bastante imbricado às questões que levaram, a partir do fracasso no centro do sistema socialista – a URSS – ao colapso das economias de comando que compunham, o conjunto dos países do leste europeu de, a priori, absoluta planificação estatal e comando político entregue a um único partido, que na verdade, longe de ser um partido entregue às “massas”, se constituía em um corpo de oficiais dos cadres, conhecidos nos textos dos dissidentes políticos como a “nomenklatura”. Era este grupo que efetivamente constituía o sistema de comando dos estados leninistas, um quadro que, apesar de encarado no Ocidente por certos grupos, com respeito e até uma relutante admiração, carregavam na realidade um potencial de degeneração burocrática e corrupção pessoal. A “era” Brejnev (anos 60 e 70) revelou a nomenklatura como um grupo interesseiro que combinava incompetência e corrupção, revelando que a “Império Soviético” operava naqueles anos de decadência, sob um sistema de patronato, nepotismo e suborno. A economia soviética e mundial estavam em visível declínio, porém ao contrário do que ocorreu à época da Grande Depressão dos anos 30 (quando os soviéticos estavam praticamente fora da economia mundial), a URSS não estava mais imune. As economias do Socialismo Real, melhor dizendo, da URSS e da Europa Oriental – assim como partes do chamado Terceiro Mundo – acabaram se tornando as grandes vítimas daquilo que Hobsbawm veio a chamar de “crise pós-Era de Ouro” da economia capitalista global. Não é preciso dizer que as economias de mercado desenvolvidas, embora abaladas, conseguiam atravessar os anos difíceis até pelo menos o início da década de 1990. Porém, e aí talvez resida um fator essencial tanto para explicar a estagnação dos anos 70 na URSS, quanto a corrida pelas reformas urgentes da segunda metade dos anos 80, encontrou Gorbachev clamando por Perestroika e Glasnost. A crise do petróleo, teve inicialmente, conseqüências felizes para os soviéticos, por ser o país de um dos principais produtores do líquido negro, então transformado pela alta dos preços, em ouro. A URSS, sem grande esforço, conseguia pagar suas importações do Ocidente capitalista, com a energia exportada, e de quebra, adiava a necessidade de reformas. Na outra parte do “Socialismo Real”, como a Polônia e a Hungria, os empréstimos proporcionados pela inundação de dólares dos multibilionários estados da OPEP, os chamados petrodólares pareceram, naquele momento, uma forma providencial de ao mesmo tempo, pagar o investimento da aceleração do crescimento, e elevar o padrão de vida de seus povos.Em princípios dos anos 80, a Europa Oriental encontrava-se em grave crise de energia, com escassez de alimentos e bens manufaturados. Não é preciso então lembrar que a Europa do Leste era o “calcanhar de Aquiles” dos sistema soviético, sendo a Polônia e a Hungria (esta em menor medida), seus pontos mais vulneráveis. A era da estagnação que Mikhail Gorbachev denunciou ao chegar ao poder em 1985, fora na verdade uma era de aguda fermentação política e cultural para a elite soviética. Este grupo era formado não somente pelo relativamente minúsculo grupo de autocooptados chefetes do Partido Comunista no topo da hierarquia da União, mas também pelo relativamente vasto grupo de classe média educada e tecnicamente formada, os quais, juntamente com os administradores econômicos, mantinha o país à tona, ou acima da “linha d’água”. A resposta das camadas política e intelectual aos apelos de Gorbachev por Glasnost (abertura ou transparência) e seus esforços em prol da Perestroika (reestruturação econômica) não devem contudo serem tomados como uma resposta do grosso dos povos soviéticos. Para a grande massa da população União Soviética, é verdade, o regime socialista russo ainda era legítimo e inteiramente aceito por mera escassez de sobreviventes dos anos anteriores a 1917. Conforme escreveu Joseph Nye, ao assumir o poder, Gorbachev tentara inicialmente disciplinar o povo soviético, como uma forma de superar a estagnação econômica então vivida. Ao lançar a idéia da perestroika, traduzida como reestruturação, ficou revelada a incapacidade soviética de reestruturar de cima, porque os burocratas do partido distorciam as suas ordens. Foi a tentativa de Gorbachev de driblar o bloqueio dos burocratas, utilizando-se da estratégia da Glasnost – ou transparência, discussão aberta e democratização – uma estratégia para fazer a perestroika funcionar, usando como combustível a insatisfação popular contra os burocratas, que trouxe à tona a livre discussão. Mas assim que a Glasnost permitiu que as pessoas dissessem o que pensavam, e votassem de acordo com isso, muitos revelaram a sua consciência de exclusão das benignidades apregoadas pelo sistema. Gorbachev teria cometido erros de cálculo, pensando que o comunismo russo seria corrigido, mas ao tentar corrigí-lo, abriu nele uma grande fenda. Em termos de política externa, a era Gorbachev exprime bem aquilo que se encontra no bojo do conceito conhecido como Dilema de Segurança. A noção de dilema de segurança encontra-se relacionada com os efeitos de uma organização anárquica e a ausência de um governo superior, ou seja, duas das características essenciais da política internacional. O dilema ocorre quando um Estado promove uma ação independente para aumentar a sua segurança, no que acaba em face dessa ação, por tornar todos os outros Estados mais inseguros. Nisto, aqueles Estados que se sentem ameaçados podem vir a aumentar a sua força, para proteger-se do primeiro. O resultado dessas ações é que os esforços independentes de cada um para aumentar a própria força e segurança tornam a todos os envolvidos, mais inseguros. Neste sentido, possuiu um papel fundamental na disputa entre russos e americanos pela hegemonia, constituindo-se em conseqüência como fator de um dilema de segurança, o faraônico projeto arquitetado pelo Pentágono, apelidado de “Guerra nas Estrelas”. Tratava-se de um sofisticado e caríssimo escudo anti-mísseis, ao qual foi dado o nome oficial de “iniciativa de defesa estratégica” (1983), e visava aparentemente, o estabelecimento de um amplo escudo espacial, considerado tão “eficaz” tecnologicamente, quanto irrealizável na prática (conforme escreveu o Prof Amado Cervo). O escudo deveria ser capaz de eliminar a capacidade de penetração dos mísseis intercontinentais soviéticos. Seu único efeito visível – ainda sob a lavra do prof. Cervo – foi esgotar recursos orçamentários dos dois contendores, precipitar a crise fiscal de seus respectivos Estados, e acelerar a ruína econômica daquele dotado de estruturas produtivas menos flexíveis ou inovadoras. O ‘keynesianismo militar’ praticado pela administração Reagan confirmou, por um lado, os efeitos multiplicadores – em termos estritamente microeconômicos – do ‘modo inventivo de produção’, desenvolvido pelo capitalismo ocidental. A política de externa de Gorbachev (que ele chamava de novo pensamento), confrontada com o dilema de segurança, possuía então dois elementos muito importantes. O primeiro eram as idéias de mudança, que os construtivistas enfatizam como o conceito de segurança comum. Nele, o clássico dilema de segurança é explorado com a união para proporcionar segurança. Gorbachev e as pessoas que o cercavam disseram que em um mundo de interdependência cada vez maior, a segurança era um jogo de resultado diferente de zero, e todos poderiam beneficiar-se pela cooperação. A existência da ameaça nuclear significava que todos poderiam morrer juntos, se a competição saísse do controle. Em vez de tentar fabricar o máximo possível de armas nucleares, Gorbachev proclamou a doutrina da “suficiência”, mantendo um número mínimo de proteção. A outra dimensão da política externa de Gorbachev foi sua opinião de que o expansionismo é normalmente mais caro que benéfico. O controle soviético sobre um império na Europa Oriental estava custando demais e proporcionando muito poucos benefícios, e a invasão do Afeganistão fora o desastre mais caro. Não era mais necessário impor um sistema social comunista, como um meio de garantia da segurança nas fronteiras soviéticas. Gorbachev, possivelmente sem querer, desencadeara a desintegração da URSS, tornada mais evidente após o golpe fracassado dos linhas-duras, em agosto de 1991. Em dezembro do mesmo ano, a União Soviética deixava de existir. No Leste , em meados de 1989, os europeus orientais haviam ganho um maior nível de liberdade, com a Hungria permitindo que os alemães orientais fugissem para a Áustria, através do seu território, êxodo que impôs uma pressão enorme sobre o governo da Alemanha Oriental. A realidade era que os governos europeus orientais não tinham mais ânimo – ou o apoio soviético – para reprimir manifestações. Em novembro o muro de Berlin foi rompido.
A Nova Ordem Mundial, surgia então, ao final da Guerra Fria. Costumeiramente é descrita na literatura especializada como um sistema pós-hegemônico, caracterizado por uma multipolaridade estratégica, onde vários grandes atores passaram a reger coletivamente os negócios internacionais. Um desses grandes atores encontramos no G-8, consórcio informal composto por EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha, Canadá e Rússia (esta última, a partir de 1992). Caracterizada por incertezas e complexidades, a nova ordem internacional assistiu a emergência de zonas de conflito em áreas sob a a antiga influência soviética (Balcãs, Oriente Próximo, e alguns países africanos, como Somália, Chade, Congo, Angola, Libéria). Também podem ser ressaltados o fim da unidade de discurso do Terceiro Mundo, extensos processos migratórios, alguns deles pelo agravamento das crises da dívida externa dos países em desenvolvimento, um maior interesse pelas políticas ambientais e de direitos humanos, e certo refluxo nas políticas de segurança de alguns Estados. Com o fim do confronto Leste-Oeste, a OTAN e o Pacto de Varsóvia perderam terreno (mas no caso da aliança Ocidental, não a sua capacidade de operar, como ficou claro nos Bálcãs, durante a guerra étnica no antigo território iugoslavo), para as estratégias de defesa propriamente nacionais. O avanço da democracia e o discurso em prol desta foi reforçado pela posição americana de garante de uma ordem inspirada na sua própria estrutura de Estado: liberalismo econômico, democracia política e direitos humanos. Completam o quadro, a contestação dos valores ocidentais, ou ao menos, a sua universalidade, onde o fundamentalismo islâmico parece disposto a ocupar o posto de maior rival, pois a Al Qaeda e outros protagonistas transnacionais formaram redes mundiais de ativistas, desafiando os meios de defesa nacionais convencionais por meio do que têm sido chamado de guerra assimétrica. Os exemplos deste tipo de confronto podemos encontrar tanto nos ataques ao território americano durante o 11 de setembro, quanto em Londres ou Madrid, mas também nas invasões do Afeganistão pela força multinacional articulada pelos EUA e na 2ª Guerra do Iraque. A Globalização parece, no entanto, o grande fio condutor a perspassar todas estas características da Nova Ordem. Afinal, se a todo momento é divulgado por críticos e entusiastas, que o processo de globalização surgiu com as grandes navegações, ou até mesmo antes, com a viagem de Marco Pólo à China, temos a certeza que aspectos do mundo moderno como a mudança do papel do Estado-Nação e o incremento dos processos de regionalização (UE, NAFTA, Mercosul...), foram gestados pelas imposições de uma nova ordem. Praticamente metade de toda a produção industrial atual é realizada por empresas multinacionais, cujas decisões sobre onde localizar a produção têm um efeito importante sobre as economias internas. A globalização, definida como redes mundiais de interdependências, tornou as fronteiras nacionais mais permeáveis, mas não irrelevantes. Já sabemos que globalização não significa a criação de uma comunidade universal, e tanto em termos sociais, quanto em termos econômicos, a homogeneização não resulta necessariamente da globalização do século XXI. São as características de rapidez e intensidade, os chamados “efeitos de rede” – as situações em que o valor de um produto aumenta na medida em que muitas pessoas passam a usá-lo – que se apresenta como um dos traços propriamente distintivos do processo. Outro aspecto importante seria o “Globalismo” ou a densidade das redes de interdependência, significando que os efeitos de um acontecimento em uma região geográfica, ou a dimensão humana, econômica ou ecológica, podem ter conseqüências profundas sobre outras regiões geográficas, em dimensões militares ou sociais.






Bibliografia:

HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve Século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências: transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

SARAIVA, José Flávio Sombra (Org.). História das Relações Internacionais Contemporâneas: da Sociedade Internacional do Século XIX à era da Globalização. São Paulo:Saraiva, 2007.

domingo, 8 de agosto de 2010

Aos Novos (e antigos) Leitores...

Sejam benvindos! Todo o material disponibilizado no Blog Estudos Diplomáticos (por incrível que possa parecer) é gratuito. Bom estudo a todos. Com um abraço, o editor.

Política Internacional (Sínteses de Livros da Bibliografia) Quinhentos Anos de Periferia (Parte X)


(Continuação...)

Samuel Pinheiro Guimarães esclarece que as cinco grandes tendências, a saber: 1. aceleração do progresso científico e tecnológico; 2. reorganização do sistema produtivo; 3. reorganização territorial; 4. concentração de poder; e, 5. reincorporação de áreas, têm efeitos radicais sobre a situação global dos fatores de produção, que como sabemos, são: a) trabalho; b) capital; c) recursos naturais; e, d)empresa – e sobre suas inter-relações. O autor foca sua atenção sobre as principais conseqüências no tocante a situação geral acerca do fator trabalho, nas quais se destacam: 1) a transformação da pirâmide demográfica; 2) os movimentos populacionais; 3) o desemprego estrutural; e, 4) a desvalorização do trabalho como atividade humana. Rápidas diminuições da taxa de mortalidade e reduções da taxa de natalidade, pelas técnicas de controle demográfico e valores sociais, completam o quadro: em um contexto dessa natureza, o autor observa uma ameaça a partir da redução abrupta da taxa de crescimento demográfico e do envelhecimento relativo da população, ameaças materializadas nas conseqüências sobre o sistema previdenciário, a situação fiscal dos Estados, e sobre a taxa de poupança.
As pressões migratórias da periferia para o centro, decorrentes de conflitos armados e da estagnação econômica, bem como a perspectiva de grandes migrações decorrentes da desintegração de Estados, são o segundo fenômeno que ameaça os mercados de trabalho no centro das estruturas hegemônicas, e ali, segundo Samuel Pinheiro Guimarães, geram tendências protecionistas e xenófobas. Fator de incotestável valor, é a aceleração do progresso tecnológico, especialmente na área da tecnologia da informação, que vem causando transformações radicais nos bens de capital e reorganizando a gestão empresarial. Não obstante, os efeitos sobre o mercado de trabalho, causados pelos rápidos e constantes avanços da microeletrônica e da tecnologia da informação têm tornado a unidade típica de produção industrial mais intensiva de capital, tem se apresentado de difícil assimilação.


(Continua...)

domingo, 1 de agosto de 2010

Estudo Dirigido de Noções de Economia


Aos Inscritos: em breve, postarei as tarefas do Estudo Dirigido de Noções de Economia. São questões bastante simples. Após a postagem dessas tarefas, serão disponibilizadas duas semanas para a confecção das mesmas, a serem enviadas ao nosso e-mail (estudosdiplomaticos@gmail.com) . Então postarei o gabarito no Blog. Combinado?