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sexta-feira, 5 de março de 2010

Política Internacional: Quinhentos Anos de Periferia (Parte VI)

(Continução...)

4. Reivindicações de autonomia local em Estados Unitários (Reino Unido e Espanha) e Federais (Canadá). Países Ocidentais tão distintos como a Inglaterra, a Itália, a Espanha e o Canadá tem sido alvo de uma maior reivindicação de autonomia local e até de separatismo, pretensões que se fundamentam na percepção, e de acordo com o autor, também na realidade de opressão de certas nacionalidades por outras dentro do mesmo Estado Nacional, devido ao processo de formação histórica ou de concentração de poder econômico. Tal situação levou inicialmente, escreveu Samuel Pinheiro, a um esforço ideológico de valorização das identidades culturais, étnicas e religiosas que puderam emergir ao campo da reivindicação política na medida em que o conflito Leste-Oeste reduziu a convicção e a possibilidade de imposição da prioridade da unidade nacional sobre os particularismos locais e em que a nova força ideológica do individualismo e da democracia triunfantes legitimou e incentivou as reivindicações locais de autonomia política.
5. O enfraquecimento, por influência externa deliberada, daqueles que eram chamados New Industrializing Countries, depois mercados emergentes. No contexto de diversos fenômenos distintos, como a ofensiva ideológica radical do neoliberalismo, a luta contra os regimes militares e as campanhas pelos direitos humanos, os Estados, mas não os governos e as elites, foram identificados na América Latina como os culpados pelo atraso e estagnação econômica, autarquia, desigualdades econômicas, injustiça social, opressão política e conflitos e tensões entre Estados. Para Samuel Pinheiro Guimarães, tornou-se moda e convicção generalizada advogar a redução acelerada da dimensão e dos poderes do Estado, o seu downsizing, de acordo com a idéia de que a soberania nacional e os projetos nacionais seriam idéias ultrapassadas na nova ordem da globalização, dos mercados livres e da democracia. Cumpre ainda acrescer, pela lavra do autor, que apesar do êxito temporário em controlar os processos inflacionários, a realidade é que as disparidades econômicas e sociais da América Latina se agravaram na década de 90, durante a imposição dos programas econômicos de ajuste estrutural com base na filosofia neoliberal, a qual incluiu a redução e desarticulação de Estados que, já eram fracos e tinham dificuldade em cumprir suas funções essenciais. A fragilidade interna dessas sociedades somente aumentou devido ao agravamento das disparidades, enquanto que as vulnerabilidades externas se acentuaram. Mas não somente os latinos americanos sofreram tal impacto. A partir de 1998, os Estados asiáticos, que até então eram classificados pelos países desenvolvidos, agências internacionais e meios de comunicação como “tigres”, ou outras denominações, como modelos para os países subdesenvolvidos, passaram a ser acusados de corrupção, autoritarismo e violação dos direitos humanos. Na opinião do autor, existem elementos de verdade na descrição neoliberal da América Latina e Ásia, porém, o detalhe é que os elementos negativos foram omitidos durante anos, tanto em um caso, como no outro.
6. A desintegração de Estados e a anomia de certas sociedades. Nas palavras de Samuel Pinheiro Guimarães, a anomia e o caos político em países africanos decorre da arbitragem das fronteiras coloniais que foram mantidas pela ONU ao reconhecer a independência dos novos Estados africanos e da extrema inconveniência de, naquele momento, examinar qualquer hipótese de
correção de fronteiras para acomodar as etnias divididas pelos regimes coloniais.
(Continua...)

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