Utrecht (1714) – O Tratado de Utrecht foi além dos pressupostos anti-hegemônicos acordados em Vestfália. A experiência de ver a França assumir as aspirações hegemônicas da Espanha e da Áustria, convenceu os líderes da coalização contra Luís XIV, especialmente os estadistas ingleses e holandeses, de que era necessário ir além do princípio anti-hegemônico negativo, e na direção do conceito mais positivo de um equilíbrio móvel contínuo, no qual todos os Estados do sistema tivessem seu papel a desempenhar. O acordo de Utrecht foi apelidado la paix anglaise, e as razões derivam ,de acordo com Watson, de uma fórmula veneziana de grande prestígio, por muito tempo na Inglaterra: a preservação da liberdade de ação contra o controle hegemônico. Cumpre lembrar que os venezianos, vivendo do comércio internacional, haviam defendido a extensão do conceito Médici do equilíbrio de poder a todo o sistema, visando a que os assuntos de toda Europa pendessem em equilíbrio complexo. O conceito de equilíbrio foi da maior importância na redistribuição de territórios e em outras disposições do Acordo. O equilíbrio de poder tornou-se uma prática viável para os estadistas do século XVIII, a despeito da complexidade aumentada, que resultou da fusão dos sistemas setentrional e ocidental num só, em virtude da tentativa de hegemonia de Luís XIV ter sido quebrada por uma coalizão de Estados na qual nenhum era dominante.
Acima, alegoria da Paz, tela alusiva ao Tratado de Utrecht
(Continua...)
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