Sejam Benvindos ao Blog Estudos Diplomáticos !

Este espaço foi criado para reunir conhecimentos acadêmicos e informações relacionadas ao Concurso para ingresso no Instituto Rio Branco.



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Política Internacional: Grandes Fóruns da Sociedade Internacional Européia e Global - III



O Congresso de Viena (1815) – O acordo de Viena surgiu ao fim de um quarto de século de levantes e guerras, sendo considerado uma síntese, em alguns aspectos, entre duas maneiras opostas de organizar a Europa, vale dizer, a autoridade imperial que Napoleão tentara implantar e o princípio anti-hegemônico que vigorara implicitamente na sociedade internacional européia desde Vestfália, e de forma explícita, desde Utrecht. A Rússia e uma Grã-Bretanha industrial e financeiramente reforçada tinham objetivos semelhantes: restabelecer a Áustria e a Prússia como grandes potências independentes. Além disso, a França Bourbon restaurada deveria ser elevada à mesma posição, em benefício da própria estabilidade do sistema. A França não seria punida ou privada de territórios que eram franceses antes da Revolução. A contra-doutrina da legitimidade dinástica, e o desejo prático de administrar o sistema pareceram aos estadistas em Viena, justificar igualmente as intervenções ideológicas para reprimir tentativas revolucionárias de tomar o poder em qualquer Estado. A Europa não devia ser dividida em esferas de influência separadas: as cinco potências concordaram que era necessária uma maquinaria coletiva para manter e modificar o acordo. Uma instituição coletiva, ou liga para administrar o sistema, havia sido proposta pela minuta de tratado de Kant para a paz perpétua, e por outros projetos. As cinco grandes potências (Inglaterra, Rússia, França, Áustria e Prússia) não confiavam umas nas outras para intervir unilateralmente a fim de lidar com ameaças à paz e à segurança; mas nos casos em que concordaram em agir juntas, ou pelo menos aquiesceram em agir após consulta, elas poderiam exercer coletivamente uma hegemonia difusa que nenhuma concordaria em que outra exercesse sozinha; podiam ditar a lei juntas e também podiam emendar a lei. A harmonia entre elas orquestraria um concerto da Europa. A hegemonia difusa dos cinco grandes prejudicava, na prática, os interesses dos soberanos menores. Os estadistas das cinco grandes potências que se reuniram em Viena e em congressos e conferências subseqüentes pensavam que a difusão e o equilíbrio embutidos no sistema do concerto proporcionariam o que eles consideravam, as vantagens essenciais da autoridade hegemônica e que ao mesmo tempo limitariam estritamente as suas desvantagens. O sistema do concerto do início do século XIX refletia realidades, porém as grandes potências arrogavam-se os deveres e os privilégios de operar o concerto para si próprias, e os Estados europeus menores não davam seu consentimento, embora aquiescessem. A operação do sistema na própria Europa pode ser dividida em três períodos:
De 1815 a 1848 – período de paz entre as grandes potências, e de repressão de revoluções sociais e políticas;
De 1848 a 1871 – marcado pelo nacionalismo revolucionário, e por guerras de ajuste; e,
De 1871 ao fim do século – período de paz na Europa, com o concerto dominado em grande medida por Bismarck.
A hegemonia difusa do Concerto da Europa, depois de Viena, não impediu que houvesse recursos à guerra; mas manteve a prática da sociedade bem longe do mero conflito de independências múltiplas, e limitou o uso da força a níveis aceitáveis e a objetivos limitados, desde que permanecesse flexível. A ossificação das alianças depois de 1900 tornou impossível uma harmonia concertada.

(Continua...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário